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Fernão de Magalhães
Fernão de Magalhães
Nascido em
família nobre,
foi um navegador português, provavelmente nascido em Sabrosa, talvez na
primavera de 1480 e falecido em combate em Cebu, Filipinas, a 27 de Abril de
1521.
Magalhães era
inquieto por natureza: queria ver o mundo e explorá-lo. Em 1506 viajou para as Índias Ocidentais, participando de várias
expedições militares nas Molucas,
também conhecidas como as Ilhas das Especiarias
Ao serviço do
rei de Espanha,
planeou e comandou a expedição marítima que efectuou a primeira viagem de circum-navegação ao
globo. Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no
extremo Sul do continente Americano,
a atravessar o estreito hoje conhecido como Estreito de Magalhães e a cruzar o Oceano Pacífico,
que nomeou. Fernão de Magalhães foi morto em batalha em Cebu, nas Filipinas no curso da
expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián Elcano até ao regresso em
1522
Era filho de
Rui de Magalhães e de Inês Vaz Moutinho. Irmão de Duarte de Sousa, Diogo de
Sousa, Isabel de Magalhães, Genebra de Magalhães e Aires de Magalhães. Aires de
Magalhães, que seguiu uma carreira eclesiástica, recebeu ordens de epístola em
1509 em Braga e, nessa matrícula, seus pais acima nomeados são ditos moradores
na Sé do Porto. Seu pai, Rui de Magalhães, foi cavaleiro fidalgo da casa de D.
Afonso, conde de Faro, senhor de Aveiro e alcaide mor de Estremoz. Rui de
Magalhães terá sido alcaide de Aveiro onde está documentado em 1486. Entre
Junho de 1472 e Junho de 1488 está documentado no Porto onde exerce os cargos
de juiz ordinário, procurador da câmara e vereador. Foram seus avós maternos
Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade onde foi vereador, e Inês
Gonçalves de Mesquita. Tinha cerca de dez anos quando Magalhães se tornou pagem
da corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II. Casou em
Sevilha em Dezembro de 1517 com Beatriz Barbosa, sua parente, filha de Diogo
Barbosa e de Maria Caldeira, e teve dois filhos: Rodrigo que faleceu muito novo
e Carlos que faleceu ao nascer.
Em Março de
1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia,
na frota de 22 navios enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia. Embora
o seu nome não figure nas crónicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que
esteve em Goa, Cochim e Quíloa. Participou em várias
batalhas, incluindo a batalha naval de Cananorem 1506, onde foi
ferido, e a decisiva batalha
de Diu. Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira
embaixada a Malaca,
onde seguia também Francisco Serrão, seu amigo e possivelmente
primo. Chegados a Malaca em Setembro, foram vítimas de uma conspiração e a
expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando
Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram
dezanove prisioneiros. A sua actuação valeu-lhe honras e uma promoção.
Ao serviço do
novo governador, Afonso de Albuquerque, participou junto com
Serrão na conquista de Malaca em 1511. Após a conquista da cidade os seus
caminhos separaram-se: Magalhães promovido, com um rico saque e na companhia de
um escravo malaio, regressou. Serrão partiu na primeira expedição enviada às
"ilhas das especiarias", nas Molucas.
Aí permaneceu e casou com uma mulher de Amboina, tornando-se
conselheiro militar do sultão de Ternate (Indonésia). As suas cartas para
Magalhães seriam decisivas, que dele obteve informações quanto à situação dos
lugares produtores de especiarias. Fernão de Magalhães, após se ausentar sem
permissão, perdeu influência. Em serviço em Azamor (Marrocos) foi depois
acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações comprovadas
cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de Maio de 1514. Mais tarde, em
1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio de Português, mas
Magalhães rejeitou-a. Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes cartas,
investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade
de as Molucas estarem na zona espanhola definida pelo Tratado de Tordesilhas, em parceria com o
cosmógrafo Rui
Faleiro.
Em
1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro,
tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um
adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de
atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, além disso,
segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério
castelhano.
Com
a influência do bispo de Burgos conseguiram
a aprovação do projecto por parte deCarlos V, e começaram os morosos preparativos
para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro que
começara a trabalhar para Espanha em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou no
desenvolvimento dos mapasutilizados
na viagem. Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães continuou a aparelhagem
dos cinco navios que, com 256 homens de tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de Setembro
de 1519. A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens,
com cerca de 40 portugueses entre os quais Álvaro de Mesquita, primo co-irmão
de Magalhães, Duarte
Barbosa, primo da mulher de Magalhães, João Serrão,
primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes.
Seguia também Henrique de Malaca.
Antonio Pigafetta,
escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a
expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo
fato de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo para a Europa.
Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registro de onde se pode
extrair muito do que se sabe sobre este episódio da história.
A
armada fez escala nas ilhas Canárias e
alcançou a costa da América do Sul,
chegando em 13 de Dezembro ao Rio de Janeiro.
Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à
entrada do estreito, na extremidade da actual costa da Argentina, onde o capitão
decidiu hibernar. Irrompeu então uma revolta que ele conseguiu dominar com
habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período no qual a
"Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento, tendo os seus
tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o estreito que hoje
leva seu nome, aprofundando-se nele. Em outra viagem de reconhecimento, outra
nau foi perdida, mas desta vez por um motim na "San Antonio" onde a
tripulação aprisionou o seu capitão Álvaro de Mesquita, primo de Magalhães, e
iniciou uma viagem de volta com o piloto Estêvão
Gomes (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas
contra Fernão de Magalhães na Espanha).
Apenas
em Novembro a esquadra atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul
(assim baptizado por Balboa), e baptizando o oceano em que entravam
como«Pacífico» por contraste às dificuldades encontradas
no Estreito. Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças
(principalmente o escorbuto)
começaram a dizimar a tripulação. No Pacífico que
encontrou as nebulosas que hoje ostenta o seu nome - as nebulosas de Magalhães.
Em
Março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no actual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu
nas actuais ilhas Filipinas em 7 de Abril. Imediatamente começaram com os
nativos as trocas comerciais; boa parte das grandes dificuldades da viagem
tinham sido vencidas. Dias depois, porém, Fernão de Magalhães morreu em combate
com os nativos na ilha de Mactan,
atraído a uma emboscada.
A
expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início
de Março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.
Cronologia
- 1480 - Data provável do nascimento de Fernão de Magalhães no norte de Portugal
- 1505 - Partiu para a Índia na armada de D. Francisco de Almeida.
- 1509 - Participou na desastrosa expedição a Malaca de Diogo Lopes de Sequeira; fez grande amizade com Francisco Serrão.
- 1511 - Participou, sob o comando de Afonso de Albuquerque, na conquista de Malaca.
- 1513 - Regressou a Lisboa.
- 1514 - Foi ferido em combate, em Azamor (Marrocos); novamente em Lisboa, D. Manuel recusou-lhe o aumento na tença.
- 1517 - Dirigiu-se a Sevilha para apresentar a Carlos V o seu plano de alcançar as "Ilhas das Especiarias" pelo Ocidente.
- 1519 - Iniciou a que foi a primeira viagem de circum-navegação; alcançou a baía da Guanabara.
- 1520 - Alcançou a foz do Rio da Prata; fez invernada na baía de S. Julião; dominou um motim; atravessou o Estreito e alcançou o Oceano Pacífico.
- 1521 - Descobriu a Ilha dos Ladrões; descobriu o arquipélago das Filipinas e aí foi morto em combate.
- 1522 - Juan Sebastián Elcano concluiu a primeira viagem de circum-navegação.
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