BOAS VINDAS

Benvindos a este espaço! Esta é uma página estritamente familiar, aberta a todos aqueles, familiares ou não, que de alguma forma queiram contribuir com o que sabem e conhecem ou simplesmente tenham meras curiosidades e questões que pretendam levantar. Tudo o que diga respeito ou se relacione com a família do meu pai ou da minha mãe, será sempre objecto da minha atenção.

quinta-feira, 29 de março de 2007

ABADE DE BAÇAL

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Numa justa homenagem ao padre Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, Henrique Salles da Fonseca volta uma vez mais a surpreender-me com um diálogo, a determinada altura, entre o referido abade e a minha avó paterna Maria D´Assunção d`Abreu Castelo Branco, durante um almoço na enorme sala de jantar da Casa de Samaiões, onde o senhor abade terá pernoitado.
Para quem como eu conheceu a minha avó, a delícia deste diálogo torna-se muito mais enternecedor e próximo se conseguirmos aliar a esse diálogo a sua imagem de enorme doçura, trato refinado e aquele sorriso ligeiro mas permanente com que sempre se relacionou com quem quer que fosse.
É de facto, reviver um passado algo distante e saudoso mas sempre vivo. São referências extremamente gratificantes que me fazem voltar atrás e reviver parte desse meu passado mas, principalmente, por verificar que o Henrique era um amigo e conhecedor de um dos ramos da família que me deu o berço. Para ele, um enorme abraço e um não menos pequeno OBRIGADO.

"Oiçam-nos":

"Personagens da cena que segue, ocorrida em Novembro de 1930:

1 - Maria d’Assumpção d’Abreu Castelo Branco (1892-1972), filha dos Condes de Fornos d'Algodres, casada com Francisco de Barros Ferreira Cabral Teixeira Homem (1889-1966), proprietário da Casa de Samaiões, Concelho de Chaves, local da cena;
2 - Padre Francisco Manuel Alves (1865-1947), Abade de Baçal


Interior da Casa de Samaiões, actualmente uma unidade de turismo rural
À mesa do almoço, a dona da casa deu a sua direita ao convidado especial e, após o agradecimento, deu-se início à conversa:

- Hoje sucederam-me três coisas pela primeira vez.
- E que coisas foram, Senhor Abade?
- A primeira foi que me lavei duas vezes.
- Mas estava assim necessitado de tanta lavagem?
- Não, não. É que a certa altura da noite acordei e vi uma luz tão magnífica que julguei ser dia. Levantei-me, lavei-me e arranjei-me para começar o dia mas quando ia a sair do quarto, olhei melhor pela janela e foi então que vi um luar tão brilhante que me pôs na dúvida das horas. Olhei para o relógio e vi serem ainda 4 da manhã. Voltei a deitar-me e pelas 7 levantei-me, lavei-me de novo e comecei mesmo o dia que já despontara de verdade. Assim foi que hoje me lavei duas vezes.
- E qual foi a segunda novidade que hoje lhe aconteceu, Senhor Abade?
- Dormi com uma colcha de damasco.
- Mas, Senhor Abade, cá em casa sempre assim fazemos as camas: sobre as cobertas temos sempre uma colcha para afagar a rudeza das lãs.
- Pois foi esta a primeira vez que não senti a rudeza das lãs.
- E isso perturbou-lhe o sono, Senhor Abade?
- Ah! Claro que não, dormi lindamente até que vi a tal luz que me fez levantar.
- Estimo que se tenha sentido confortável. E qual foi a terceira coisa que lhe sucedeu hoje pela primeira vez?
- Na Celebração, fui acolitado por um fidalgo.
Capela da Casa de Samaiões
Na verdade, o anfitrião fazia questão de ajudar à missa sempre que ela era celebrada em sua casa e, daí, o facto de o Abade de Baçal ter sido acolitado por um fidalgo." (...)



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