SAMAIÕES é uma freguesia com a área de 7,63 km2, 1 341 habitantes e 714 eleitores. É constituída pelas povoações de Samaiões, Isei, Outeiro Jusão e Raio X.
As aldeias produzem batata, vinho e azeite. O topónimo de Samaiões estará ligado à cultura céltica, à festividade do Sannhain, uma das quatro que esses povos celebravam.
A aldeia situa se numa planura e possui no seu centro a barroca Igreja paroquial dedicada à Senhora da Expectação também designada por Senhora do O, e relevante riqueza interior.
Foi aqui pároco, desde 1906 a 1934, o arqueólogo e historiador Padre Silvino da Nóbrega, autor de assinaláveis remodelações realizadas nesta Igreja. Outra capelinha a referir é a da devoção a S. Caetano, com o seu retábulo bonito mas degradado, que faz parte da Quinta de S. Caetano propriedade dos herdeiros da família Magalhães Sampaio Rodrigues. Ostenta o brasão da família e uma epígrafe de 1678.
A capelinha do Senhor dos Aflitos, situada nos arredores, é local de grande devoção, realizando se todos os anos no mês de Maio uma grande romaria a este templo. Samaiões é região de grandes quintas e casas e, a mais importante e bonita, é a Casa de Samaiões, solar com pedra de armas e capela da invocação da Senhora da Conceição do Ginzo e uma grande quinta com os convenientes equipamentos rurais.
Era, até há bem pouco tempo, da nobre família de Francisco de Barros Teixeira Homem, estando hoje adaptada a Hotel de Turismo Rural. A Casa de Samaiões hospedou durante largos períodos o pintor Alves Cardoso que se notabilizou pintando costumes e trechos da região flaviense.
Em Janeiro de 1930, fez uma visita ao seu grande amigo, o padre Silvino da Nóbrega, residente em Samaiões. De volta a Lisboa, não conseguiu vencer sua última batalha contra o mal que o atormentava, vindo a falecer em 10 de Março de 1930, dois meses antes de completar 48 anos de idade.
A escola do primeiro ciclo do ensino básico, situa-se num dos extremos da povoação e foi lá que eu estudei um ano, durante uma das vindas dos meus pais a Portugal. É frequentada por 7 alunos. No lugar do Eiró está situada a sede da Associação Recreativa e Desportiva de Samaiões.
Pastoria, aldeia com veiga muito fértil e com povoamento do período neolítico, possivelmente do III ou II milénio a.C, nos alcandorados montes da serra, que se ergue a poente da aldeia. É hoje uma importante estação arqueológica denominada Castro do Muro. Quando vieram os romanos fizeram a sua ocupação, encontrando se no local, onde está situado, vestígios das várias civilizações que o habitaram. O povoado do presente, evidencia, na arquitectura de muitas das suas casas, traços da distinção dum passado antigo de certo poder económico. Na história encontram se referências a cidadãos ligados a esta aldeia que se tornaram notáveis. É o caso de António Teixeira de Barros Araújo Lozada, tenente de cavalaria, fidalgo e cavaleiro da Casa Real, 9° Administrador do Morgadio de Nossa Senhora do Ginzo de Curalha, figura de relevo na luta contra as Invasões Francesas. É interessante referir que numa das casa, situadas no lugar do

Recuperando algumas passagens do livro de Maria Leonor Barros, sobre António de Barros, a Casa de Samaiões fica a pouca distância da serra do Brunheiro.
A sua mata apresenta várias espécies de árvores tais como: castanheiros da Índia, cedros, buxos, pinheiros de Riga, loureiros seculares de folha larga e régios.
Estes últimos distinguem-se dos outros pela folha ser mais pequena e darem flores minúsculas brancas em formas de cachinhos.
O outro jardim tem uma poética fonte de pedra e forma como um circulo rodeado por buxos de grande porte, com um laguinho ao meio.
Dali se vê boa parte da quinta, com os seus declives e pequenas elevações, que atinge uma vasta área.
Aqui e agora vem a propósito recordar que meu trisavô, o General Joaquim Ferreira Cabral Paes do Amaral (1770-1845), que como escreveu Maria Leonor, quando estava a treinar tropas no Campo da Roda, a cerca de 4 km. da Casa de Samaiões, ouvia-se a voz dele na eira.
Muito melhor se devia ter ouvido, na Batalha do Buçaco a sua ordem:
“Avança Cavalaria de Chaves com 600 mil diabos!”
Este meu trisavô era casado com Luísa Adelaide de Sousa Barros, que vivia naquela casa.
Esta já existia, virada a sul e poente, no século XVII e era, então nessa altura, seu proprietário o Pe. João Rodrigues Homem, Abade de Sta. Maria de Gouvães.


Contudo, “A parte nobre do solar foi edificada mais tarde,
entre os séculos XVIII e XIX ficando virada a nascente e a norte”. *
* Roteiros de Chaves, Grupo Cultural Aquae Flaviae, pág. 250.

* Roteiros de Chaves, Grupo Cultural Aquae Flaviae, pág. 250.
A capela dedicada a Nossa Senhora do Ginzo data do séc. XIX, foi transferida de Curalha para a Casa de Samaiões, depois da respectiva autorização do Bispo da Diocese, por volta de 1848.
Sobre a porta de entrada reza a seguinte inscrição:"MANDOU FAZER ESTA CAPELLA O CORONEL FRANCISCO DE BARROS TEIXEIRA HOMEM FIDALGO CAVALLEIRO DA CASA REAL 1Oº MORGADO DOS ARAUJOS E Hº DE NOS SA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO GINSO NA ERA DE MDCCCXLVIII"
(...) Pouco acima, foi colocado o brasão da família de grande simplicidade e significado. A terminar tem uma elegante cruz a fazer conjunto com dois pináculos que a ladeiam.
Mesmo de frente fica um soberbo Pinus silvestris (pinheiro de Riga) que parece orgulhoso de poder contar com a companhia do relógio de sol virado a sul e do velho espigueiro junto da eira lajeada e das fontes de pedra do Jardim.
Em noites de lua cheia, quando o silêncio facilmente se tomou seu cúmplice, dizem que cresce até às estrelas e espalha à sua volta uma ainda mais misteriosa sombra.”
(...) Como o Morgado Francisco de Barros Teixeira Homem morreu solteiro, sem filhos, instituiu um herdeiro universal, o seu segundo sobrinho Manuel de Barros Ferreira Cabral Teixeira Homem, filho de sua irmã Luisa Adelaide de Sousa Barros, casada com o General Joaquim Ferreira Cabral Paes do Amaral, da Casa de Baião”, * isto é, mais propriamente da Casa de Agrelos.

* Roteiros de Chaves, Grupo Cultural Aquae Flaviae, pág. 250.

* Roteiros de Chaves, Grupo Cultural Aquae Flaviae, pág. 250.
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