BOAS VINDAS

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sexta-feira, 16 de março de 2007

A CASA DE SAMAIÕES (I)


SAMAIÕES é uma freguesia com a área de 7,63 km2, 1 341 habitantes e 714 eleitores. É constituída pelas povoações de Samaiões, Isei, Outeiro Jusão e Raio X.
As aldeias produzem batata, vinho e azeite. O topónimo de Samaiões estará ligado à cultura céltica, à festividade do Sannhain, uma das quatro que esses povos celebravam.
A aldeia situa se numa planura e possui no seu centro a barroca Igreja paroquial dedicada à Senhora da Expectação também designada por Senhora do O, e relevante riqueza interior.
Foi aqui pároco, desde 1906 a 1934, o arqueólogo e historiador Padre Silvino da Nóbrega, autor de assinaláveis remodelações realizadas nesta Igreja. Outra capelinha a referir é a da devoção a S. Caetano, com o seu retábulo bonito mas degradado, que faz parte da Quinta de S. Caetano propriedade dos herdeiros da família Magalhães Sampaio Rodrigues. Ostenta o brasão da família e uma epígrafe de 1678.
A capelinha do Senhor dos Aflitos, situada nos arredores, é local de grande devoção, realizando se todos os anos no mês de Maio uma grande romaria a este templo. Samaiões é região de grandes quintas e casas e, a mais importante e bonita, é a Casa de Samaiões, solar com pedra de armas e capela da invocação da Senhora da Conceição do Ginzo e uma grande quinta com os convenientes equipamentos rurais.
Era, até há bem pouco tempo, da nobre família de Francisco de Barros Teixeira Homem, estando hoje adaptada a Hotel de Turismo Rural. A Casa de Samaiões hospedou durante largos períodos o pintor Alves Cardoso que se notabilizou pintando costumes e trechos da região flaviense.
Em Janeiro de 1930, fez uma visita ao seu grande amigo, o padre Silvino da Nóbrega, residente em Samaiões. De volta a Lisboa, não conseguiu vencer sua última batalha contra o mal que o atormentava, vindo a falecer em 10 de Março de 1930, dois meses antes de completar 48 anos de idade.
A escola do primeiro ciclo do ensino básico, situa-se num dos extremos da povoação e foi lá que eu estudei um ano, durante uma das vindas dos meus pais a Portugal. É frequentada por 7 alunos. No lugar do Eiró está situada a sede da Associação Recreativa e Desportiva de Samaiões.

Pastoria, aldeia com veiga muito fértil e com povoamento do período neolítico, possivelmente do III ou II milénio a.C, nos alcandorados montes da serra, que se ergue a poente da aldeia. É hoje uma importante estação arqueológica denominada Castro do Muro. Quando vieram os romanos fizeram a sua ocupação, encontrando se no local, onde está situado, vestígios das várias civilizações que o habitaram. O povoado do presente, evidencia, na arquitectura de muitas das suas casas, traços da distinção dum passado antigo de certo poder económico. Na história encontram se referências a cidadãos ligados a esta aldeia que se tornaram notáveis. É o caso de António Teixeira de Barros Araújo Lozada, tenente de cavalaria, fidalgo e cavaleiro da Casa Real, 9° Administrador do Morgadio de Nossa Senhora do Ginzo de Curalha, figura de relevo na luta contra as Invasões Francesas. É interessante referir que numa das casa, situadas no lugar do Cabo, existem duas inscrições epigráficas de bela e estranha simbologia interpretada como judaica, que poderá indicar que aí funcionou uma antiquíssima sinagoga, possivelmente do grupo dos edomitas. No pequeno largo da aldeia, de passado muito mais recente, situa se a pequena capela da devoção a S. Martinho, onde se destaca a beleza escultural da pia baptismal


Recuperando algumas passagens do livro de Maria Leonor Barros, sobre António de Barros, a Casa de Samaiões fica a pouca distância da serra do Brunheiro.


A sua mata apresenta várias espécies de árvores tais como: castanheiros da Índia, cedros, buxos, pinheiros de Riga, loureiros seculares de folha larga e régios.



Estes últimos distinguem-se dos outros pela folha ser mais pequena e darem flores minúsculas brancas em formas de cachinhos.

Um dos jardins possui canteiros de buxos cortados à francesa.

O outro jardim tem uma poética fonte de pedra e forma como um circulo rodeado por buxos de grande porte, com um laguinho ao meio.


Junto da casa há uma eira de pedra com lajes e um espigueiro de grandes dimensões.


Dali se vê boa parte da quinta, com os seus declives e pequenas elevações, que atinge uma vasta área.


Aqui e agora vem a propósito recordar que meu trisavô, o General Joaquim Ferreira Cabral Paes do Amaral (1770-1845), que como escreveu Maria Leonor, quando estava a treinar tropas no Campo da Roda, a cerca de 4 km. da Casa de Samaiões, ouvia-se a voz dele na eira.


Muito melhor se devia ter ouvido, na Batalha do Buçaco a sua ordem:


“Avança Cavalaria de Chaves com 600 mil diabos!”


Este meu trisavô era casado com Luísa Adelaide de Sousa Barros, que vivia naquela casa.



Esta já existia, virada a sul e poente, no século XVII e era, então nessa altura, seu proprietário o Pe. João Rodrigues Homem, Abade de Sta. Maria de Gouvães.






Contudo, “A parte nobre do solar foi edificada mais tarde, entre os séculos XVIII e XIX ficando virada a nascente e a norte”. *
* Roteiros de Chaves, Grupo Cultural Aquae Flaviae, pág. 250.


A capela dedicada a Nossa Senhora do Ginzo data do séc. XIX, foi transferida de Curalha para a Casa de Samaiões, depois da respectiva autorização do Bispo da Diocese, por volta de 1848.

Sobre a porta de entrada reza a seguinte inscrição:"MANDOU FAZER ESTA CAPELLA O CORONEL FRANCISCO DE BARROS TEIXEIRA HOMEM FIDALGO CAVALLEIRO DA CASA REAL 1Oº MORGADO DOS ARAUJOS E Hº DE NOS SA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO GINSO NA ERA DE MDCCCXLVIII"
(...) Pouco acima, foi colocado o brasão da família de grande simplicidade e significado. A terminar tem uma elegante cruz a fazer conjunto com dois pináculos que a ladeiam.
Mesmo de frente fica um soberbo Pinus silvestris (pinheiro de Riga) que parece orgulhoso de poder contar com a companhia do relógio de sol virado a sul e do velho espigueiro junto da eira lajeada e das fontes de pedra do Jardim.


Em noites de lua cheia, quando o silêncio facilmente se tomou seu cúmplice, dizem que cresce até às estrelas e espalha à sua volta uma ainda mais misteriosa sombra.”


(...) Como o Morgado Francisco de Barros Teixeira Homem morreu solteiro, sem filhos, instituiu um herdeiro universal, o seu segundo sobrinho Manuel de Barros Ferreira Cabral Teixeira Homem, filho de sua irmã Luisa Adelaide de Sousa Barros, casada com o General Joaquim Ferreira Cabral Paes do Amaral, da Casa de Baião”, * isto é, mais propriamente da Casa de Agrelos.

* Roteiros de Chaves, Grupo Cultural Aquae Flaviae, pág. 250.














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