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domingo, 22 de abril de 2007

SALVADOR CORREIA DE SÁ E BENEVIDES


Salvador Correia de Sá e Benevides , meu 9º avô, restaurou o domínio português em Luanda, um acontecimento feliz que ocorreu em 15 de Agosto do ano de 1648: a libertação de Luanda e de todo o reino de Angola, ocupado pelos Holandeses durante sete anos, com grande prejuízo da fé católica.
A Salvador Correia de Sá e Benevides, capitão de grande valor, foi incumbido este empreendimento pelo governo de Lisboa. Correia de Sá conduziu a bom termo esta façanha, para a qual se havia preparado recorrendo a Nosso Senhor, sumo dispensador das vitórias.
Não faltaram prodigiosos sinais desta assistência. Quando o general estava prestes a partir da América com uma armada de onze grandes vasos de guerra e de outros barcos menores, partida que estava marcada para o dia 15 de Maio, o padre João Paiva, da Companhia de Jesus, homem de rara bondade e universalmente estimado, mandou-lhe um recado secreto.
Pediu-lhe que antecipasse três dias a partida, porquanto lhe desejava um resultado feliz.
O prudentíssimo capitão nos primeiros momentos não tomou em grande consideração este aviso. Mais tarde, porém, considerando de quem vinha, não duvidou em segui-lo, e aos 12 daquele mês levantou âncoras rumo às praias da Etiópia, a 16 léguas de Luanda. (*)

Enquanto ele aguardava a volta de alguns enviados para fazer o reconhecimento da região, levantou-se uma horrível tempestade, que, além de outros prejuízos, submergiu a almiranta com trezentos soldados.
Ficou o general com grande pesar por esta desgraça, mas, redobrando o vigor e fazendo súplicas a Deus, aproximou-se da praça. No primeiro assalto foi derramado muito sangue.
O general, com grande valor, renovou as arremetidas e reduziu os Holandeses à rendição, após três dias de sítio. Findo este prazo, desesperados os Holandeses por não chegarem os socorros do interior, renderam-se no dia 15 do mês de Agosto do mesmo ano de 1648. Foi comprovado então o espírito profético do padre Paiva: depois de quatro dias chegaram do interior os socorros, com o auxílio dos quais certamente a praça teria repelido os sitiantes, ou teria resistido ainda por muito tempo.

A vitória aumentou a fama do valor dos Portugueses e principalmente daquele destemido general, que, reconhecendo em tanto favor a mão da Virgem Santíssima, em cuja solenidade conseguira tão assinalada vitória, quis que aquela cidade, chamada antes S. Paulo de Luanda, se chamasse S. Paulo da Assunção (**)

(Montecucccolo, Congo Matamba e Angola, 1687)(II)

"Em Setembro, Salvador Correia de Sá e Benevides, escreveu a Garcia II, a pedir-lhe satisfação pela sua conduta anti-portuguesa. Como não recebesse resposta, em Dezembro ocupou a ilha de Luanda, sujeita até então ao rei do Congo, e mandou invadir algumas terras perto do rio Dande. Pouco depois chegou a Luanda um capuchinho italiano, provavelmente o padre Serafim de Cortona, a pedir-lhe a suspensão das hostilidades contra o Congo.
Não foi atendido pelo facto de não ter credenciais do rei. Foi Salvador Correia quem primeiro escreveu ao rei do Congo, em Setembro de 1648. D. Garcia respondeu evasivamente.
Então, em Dezembro, o governador ocupou a ilha de Luanda, dependência do Congo, e invadiu algumas regiões que Garcia II tinha ocupado durante a dominação holandesa.
Pouco depois, chegou a Luanda um capuchinho, da Província de Roma, a suplicar ao governador que não fizesse guerra aos súbditos do rei. Mas, como não trazia cartas credenciais de D. Garcia, não foi atendido (Cadornega, vol. II, p. 479, nota 9).
Admitindo a possibilidade de erro quanto à Província, deve tratar-se do padre Serafim de Cortona, da Província de Toscana, que, com toda a probabilidade, chegou a Luanda em Janeiro de 1649.
Parece natural que, chegado a Luanda, tenha tido um colóquio com o governador para lhe agradecer as boas disposições para com os Capuchinhos, e aproveitasse a ocasião para lhe pedir a cessação das hostilidades contra o rei do Congo. Como ele vinha de Sonho, e não de S. Salvador, é natural que não tivesse credenciais do rei e falasse simplesmente como padre e não como embaixador.

"A propósito deste episódio, vale a pena esclarecer que geralmente os autores, falando da chegada dos Capuchinhos a Luanda, afirmam que para aqui vieram pelos fins de 1649, baseando-se no pedido que a Câmara fez, em 20 de Dezembro de 1649, ao rei D. João IV. "Talvez haja confusão de dois pedidos diferentes.
Aqui o Padre Cavazzi fala dum pedido feito não ao rei de Portugal, mas ao prefeito, padre Boaventura de Alessano. Foi em consequência deste pedido, de 15 de Novembro de 1648, que o padre Serafim de Cortona e Fr. Francisco de Licodia foram de Sonho para Luanda no princípio de 1649, como diz o autor. De facto, segundo o texto da carta de 20 de Dezembro de 1649, nessa data os dois frades estavam já em Luanda, e certamente desde algum tempo, por as suas virtudes serem já conhecidas e apreciadas.

Além disto, o P.° Boaventura de Corelia foi enviado de S. Salvador para Sonho no mês de Janeiro de 1649, em substituição do P. Serafim de Cortona, já partido para Luanda (cf. n.° 59); e Teruel (Descripción Narrativa..., pp. 91, 94, 96).
Certamente o padre Serafim já não estava em Sonho em Março de 1649, quando o padre Boaventura excomungou o conde. Verdade é que, conforme uma carta do prefeito, escrita em 4 de Agosto de 1649 (Arch. Prop. L. A., vol. 249, fi. 38 ), parece que nesta data ele ainda não tinha enviado o padre Serafim a Luanda. Mas pode ser que ele falasse dum envio definitivo, e que o padre Serafim estivesse já em Luanda só provisoriamente, enquanto o hospício não estava ainda construído, e enquanto não chegasse a aprovação da Propaganda Fide.

Então parece legítimo poder concluir que: O padre Serafim de Cortona e Fr. Francisco de Licodia chegaram a Luanda em Janeiro de 1649. Durante todo o ano de 1649 foram feitas as reparações à Ermida de Santo António e foi construído o hospício adjacente à mesma ermida.
Entretanto, os dois religiosos foram hospedados na Misericórdia até ao fim do ano, quando puderam entrar no novo hospício.
Para acabar, notamos outra circunstância: os dois capuchinhos foram de Sonho até Luanda por via marítima, numa lancha expressamente enviada por Salvador Correia

(Arq. Hist. Ultr. Angola Papéis avulsos Capilha 5, dentro da consulta de 25 de Janeiro de 1659; e também Cavazzi Vite, p. 65).
"(Montecucccolo, J. - Congo Matamba e Angola, 1687, reedição de 1965)

1 comentário:

Kriz cruz disse...
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